O Estadi Johan Cruyff recebeu o Barcelona com a serenidade típica de quem acredita que a vitória é apenas um capítulo inevitável. Mas o que se viveu foi uma história diferente: uma partida em que o resultado sorriu às catalãs, mas o protagonismo fugiu para as luvas de Lena Pauels.

Desde cedo o jogo pareceu inclinar-se para uma única direção. O Barça instalou-se no meio-campo do Benfica como quem monta acampamento definitivo. A bola circulava rápida, as ocasiões acumulavam-se e as jogadoras da casa pareciam apenas esperar pelo momento em que a resistência encarnada se quebraria. Só que, no centro dessa muralha, estava Pauels ,firme, concentrada, quase sobrenatural.
Ainda assim, a avalanche acabou por abrir uma fenda. Um passe vertical de Alexia Putellas deixou Pajor isolada e o remate cruzado inaugurou o marcador. O golo não surpreendeu ninguém, mas a vantagem curta deixava uma pergunta suspensa no ar: quanto tempo mais aguentaria o Benfica?
A resposta chegou depois do intervalo… e não como esperado. Num lance inesperado que parecia inofensivo, as portuguesas empataram e silenciaram o estádio durante alguns segundos. Gasper aproveitou uma sobra e ofereceu o empate a Chandra Davidson. O Benfica inflamou-se e nós minutos seguintes ainda houve até um dois-contra-um que podia ter virado a história, mas Lúcia Alves viu a bola escapar
O Barcelona, ferido no orgulho, retomou a posse e empurrou o adversário até provocar um autogolo que devolveu a liderança.Um cruzamento de Alexia provocou o autogolo de Ucheibe e devolveu a ordem ao marcador. Pauels ainda segurou tudo o que pôde, mas nem sempre uma muralha resiste e nada conseguiu fazer quando Aleixandri disparou forte para o 3-1 após um canto mal afastado.
Mas quem olhava para o relvado não via uma equipa derrotada via uma guarda-redes a desafiar a lógica. Defesas por instinto, por antecipação, por puro talento. Remates de todas as direções, todos com o mesmo destino: as mãos de Pauels. Nem uma grande penalidade escapou à alemã, numa noite em que se tornou gigante.
Quando o apito final ecoou, o Barcelona celebrou mais um passo rumo aos quartos-de-final. O Benfica, já afastado, levou consigo a sensação de ter lutado até ao fim. E nós, que assistimos, ficámos com uma certeza: houve muitas jogadoras em campo, mas apenas uma transformou o jogo numa história para contar.
E o nome dela foi Lena Pauels.





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