Há jogos que não se explicam, vivem-se. No Benfica Campus, as águias e as Gverreiras serviram um daqueles pratos que deixam qualquer adepto a tremer: golos tardios, defesas impossíveis, VAR em suspense e um vencedor encontrado apenas quando o relógio já pedia clemência. O Benfica, mais persistente do que brilhante, venceu por 3–2 e segurou, com unhas e dentes, o topo da Liga BPI.

A manhã começou com o Benfica a jogar como se tivesse pressa de resolver tudo ainda antes do café arrefecer. Linhas subidas, ataques em ondas, cruzamentos a entrar pela área dentro e, no meio de tudo isto, Patrícia Morais a transformar a baliza bracarense num cofre blindado. Remate após remate, a guarda-redes segurou o nulo com uma autoridade que enervou a bancada e inspirou a sua equipa.
O intervalo chegou com a sensação de que o Benfica atacava muito e marcava nada, enquanto o Braga sobrevivia como podia.
O jogo só ganhou cor depois do descanso. Um cruzamento tenso surgiu da direita pelos pés de Lúcia Alves e Nycole apareceu no tempo exacto para cabecear para dentro. Parecia o início de um vendaval encarnado, mas o Braga teve outra ideia: num lance estudado, Ana Rute, solta no segundo poste, devolveu o empate com a calma de quem sabia exactamente o que estava a fazer.
O Benfica voltou a carregar, e quando ganhou uma grande penalidade já se antecipava a explosão de alívio. Patrícia Morais não deixou. Esticou-se, adivinhou e segurou o empate como quem segura um título.
Mas o futebol tem destas ironias: no canto que nasceu dessa defesa, Chandra Davidson ganhou as alturas e devolveu as águias à frente. Um golo tão insistido quanto merecido.
O jogo caminhava para o seu final quando o Braga, contra a maré, arrancou novo golpe. Num lance caótico na pequena área após um pontapé de canto, a bola acabou por ser desviada para o 2–2 através da islandesa Gudrun Arnardottir.Seguiram-se minutos de dúvida, com o VAR a confirmar milimetricamente os lances,mas o golo valeu mesmo. E o Benfica Campus prendeu a respiração.
O drama, porém, não ficou por aqui. Já nos descontos, Chandra, novamente decisiva, descobriu espaço e encontro dentro de área Rakel Engesvik, recém-chegada ao relvado, tocou na bola pela primeira vez… e decidiu o jogo. Um chapéu subtil, cruel para Patrícia Morais e fatal para o Braga.
3–2. E uma explosão de alívio que se ouviu quase tanto como um golo no dérbi.
O triunfo deixa o Benfica confortável na liderança, agora com oito pontos de vantagem, embora o Sporting ainda tenha uma partida por disputar.
A próxima paragem promete incendiar Lisboa:
21 de Dezembro. Sporting – Benfica.
Primeiro dérbi da época, último jogo do ano.






Deixe um comentário