Num Metropolitano vestido de vermelho, onde mais de 55 mil vozes se levantaram como um único coro, Espanha e Alemanha reencontraram-se para decidir a Liga das Nações.

Depois do empate a zeros em solo alemão, tudo se ia resolver em Madrid e foi aí que “La Roja” transformou a paciência em fúria e o ditado português em destino: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Primeira parte: uma Espanha incendiada
O relógio mal tinha despertado e já Mariona fazia tremer as alemãs, rasgando metros pela esquerda como quem abre o primeiro capítulo de uma história que prometia não ter páginas em branco. A pressão espanhola era sufocante, o estádio empurrava, e a Alemanha via-se obrigada a tapar buracos onde já parecia faltar cimento.
Aos 4 minutos, Esther González esteve a centímetros de incendiar as bancadas. Mal teve tempo de lamentar, porque logo depois Alexia Putellas, de cabeça, roçou o poste como quem avisa: isto hoje vai doer.
Vicky López, frenética na asa direita, continuava a servir perigos, e aos 9 minutos por pouco não oferecia o primeiro golo numa jogada que arrancou suspiros a Madrid.
Mesmo à medida que a Alemanha recuperava organização e equilíbrio, Cata Coll garantia que tudo o que fosse alemão acabaria nas suas mãos literalmente. Kett tentou aos 14’, mais tarde outro remate de longe voltou a testar a guarda-redes, mas nada furava a muralha espanhola.
Antes do descanso, ainda houve espaço para acrobacias de Esther, remates de Mariona e novas tentativas de Vicky López. Mas Berger, entre os postes alemães, recusava-se a ser figurante.
A última palavra da primeira parte foi da Alemanha, com Anyomi a rematar rente ao poste. Um aviso tímido, mas aviso.
Segunda parte: ja diz um ditado português, água mole em pedra dura tanto bate até que fura
O intervalo não arrefeceu nada. Espanha regressou com o mesmo fogo, e Esther voltou a ameaçar de cabeça logo nos primeiros instantes.
Até que, aos 61 minutos, o ditado cumpriu-se.
Cláudia Pina, com um remate colocado, transformou a paciência em explosão. O Metropolitano abanou. O banco espanhol saltou. A Alemanha percebeu pedra estava a ceder.
Sete minutos depois, Vicky López, que já tinha feito da área alemã o seu quintal, recebeu, dominou, escolheu o ângulo e rematou como quem assina uma obra de arte. 2-0, sem contemplações.
E porque as noites épicas nunca chegam a meias tintas, Cláudia Pina voltou a carregar no acelerador. De longe, num disparo seco, fez o 3-0 e colocou ponto final na discussão. Três golos em pouco mais de dez minutos um vendaval.
Bicampeãs e senhoras da Europa
Com autoridade, entrega e um futebol que faz sonhar, a Espanha sagra-se bicampeã da Liga das Nações, vencendo as duas únicas edições da competição e confirmando o que muitos já suspeitavam: este é o tempo delas.
E em Madrid, ninguém duvidou: quando a vontade é tanta quando a persistência é assim o mais óbvio acontece






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