A véspera do grande encontro em Aveiro trouxe palavras firmes, ambição e respeito. Ontem, na conferência de imprensa de antevisão, Francisco Neto deixou claro que o duelo com o Brasil, marcado para hoje, é mais do que um amigável: é um passo estratégico rumo ao sonho maior o apuramento para o próximo Campeonato do Mundo.

Foto: FPF (site 01/12/2025)



“O Brasil apresenta um modelo defensivo diferente do que estamos habituados na Europa: fazem marcação individual a campo inteiro, a todas as jogadoras. Isso significa duelos constantes, desgaste e uma exigência de concentração muito elevada. É algo relativamente novo para nós, mas também é estimulante por isso”

E reforçou a qualidade das canarinhas: “Estamos a falar de uma equipa que defensivamente, nos últimos jogos que tem feito, tem dominados. E contra diferentes adversários: jogaram com a Itália, com a Inglaterra, com a Noruega… Mesmo perdendo com a Noruega, foram altamente dominadoras.”

Há, porém, uma lógica maior por trás desta escolha de adversário. “Para crescermos, temos de ser capazes de estar mais vezes confortáveis no desconforto. As equipas de topo são as que lidam melhor com ambientes de pressão e exigência, e é aí que queremos colocar as nossas jogadoras”, explicou Neto, antes de recordar a meta: “Daqui a um ano queremos estar a celebrar um apuramento para o Mundial. Estes testes servem exatamente para isso.”

Para Francisco Neto, não basta lançar jovens talentos é preciso enquadrá-los com estrutura. “Não lançamos jogadoras por lançar. É essencial dar-lhes conforto e enquadramento. Por isso é muito importante o papel das jogadoras mais experientes… São fundamentais para transmitir confiança às que chegam agora.”

Sobre a ausência de Kika Nazareth, o treinador foi claro ao explicar as diferenças que cada avançada traz ao jogo ofensivo:
“Cada jogadora nos dá coisas diferentes. Com a Jéssica temos mais profundidade, com a Kika temos mais apoio. Se temos o apoio pela Telma, alguém tem que nos dar profundidade… Infelizmente não podemos contar com a Francisca, mas outra estará. Confiamos totalmente nas nossas jogadoras.”

Com Portugal e Brasil frente a frente hoje em Aveiro, espera-se uma moldura humana rara em jogos femininos por cá. O Selecionador admitiu que o ambiente poderá ser especial:

“Sabemos que estão muitos bilhetes na rua, como costumamos dizer. É uma oportunidade única: não temos muitas oportunidades de jogar contra seleções de fora da Europa. O Brasil traz sempre muita expectativa pela qualidade individual das suas jogadoras. Amanhã pode ser um dia bonito para quem gosta de futebol e de futebol feminino. Esperemos que seja uma festa falada em português. Convidamos todos os adeptos portugueses e a comunidade brasileira a estarem presentes. O mais importante amanhã é termos um estádio cheio.”

Ontem falou-se de preparação. Hoje fala-se de futebol.Portugal-Brasil promete emoção, intensidade e um estádio unido pela língua e pela paixão. Aveiro tem tudo para viver uma noite inesquecível e as Navegadoras querem escrever nela o próximo capítulo da sua história.

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