Era Paris, mas soava a Lisboa. O frio cortava  mas nada abafava as vozes portuguesas nas bancadas. Durante noventa minutos, a capital francesa transformou-se numa casa improvisada para o Benfica: cânticos em uníssono, vozes que não tremiam, paixão que atravessava o relvado como se fosse fogo.

Foto: SL Benfica via Instagram



Logo aos 16 minutos, surgiu a primeira explosão de esperança. Um erro da defesa parisiense, Cristina Martins Pietro a acreditar, a recuperar a bola e a galgar terreno. Isolada, frente a frente com a guardiã francesa… mas a baliza, ingrata, recusou-se a sorrir.

E não ficou por aí. A primeira parte foi um festival de ofertas do Paris FC ,autênticos presentes enfeitados com laços de hesitação. Três falhas que podiam ter mudado o rumo da história, três ocasiões que ficaram por embrulhar em golo.

Depois, o golpe que nunca se deseja: aos 30 minutos, Carolina Møller vê dois amarelos em três minutos. De um sopro, o Benfica fica reduzido a dez. E a sombra desse cartão começaria a estender-se sobre tudo o resto. Pesa agora, e pesará ainda mais no confronto que se aproxima frente ao gigante Barcelona.

Com uma equipa ferida mas valente, o Benfica continuou a morder o espaço ofensivo, a rondar a área adversária, a despertar sobressaltos. Mas no futebol há uma lei silenciosa: quem desperdiça, paga. E o Paris FC cobrou.

Minuto 42. Uma única falha encarnada, um único rasgo de frieza francesa. Maeline Mendy aproveita a brecha como quem fecha uma porta com estrondo. 1-0, num lance que parecia tirado de um manual de simplicidade cruel.

A segunda parte começou a desenhar um cenário conhecido: as águias presas no próprio meio-campo, a tentar respirar com menos uma jogadora, a lutar contra o tempo e contra si mesmas.

Aos 62, a sentença final. Le Moguedec coloca a bola com precisão milimétrica e Garbino, esquecida ao segundo poste, cabeceia com a serenidade de quem já sabia que dali sairia golo. 2-0. Frieza francesa, coração partido português.

Dizem que o futebol vive de detalhes, e nesta noite os detalhes foram lâminas. O Paris FC não dominou, mas foi letal quando contou. O Benfica lutou, construiu, acreditou mas faltou afinar o toque final, a pontaria que transforma suor em festa.

Termina assim uma noite dura em Paris: derrota por 2-0 na 4.ª jornada da Liga dos Campeões Feminina. Uma viagem onde as oportunidades existiram, mas ficaram órfãs de concretização. Ainda assim, houve entrega, houve alma, houve Benfica.

Agora, segue-se a Catalunha. Segue-se Barcelona.
E, como sempre, segue-se a esperança.

Deixe um comentário

Tendência