Há jogos que não se medem pelo resultado, mas pela respiração presa nas bancadas. E, no Estádio Amélia Morais, SC Braga e Sporting ofereceram precisamente isso: um duelo que ferveu do primeiro ao último minuto, mesmo terminando num tímido 1-1 que diz muito menos do que aconteceu em campo.

O Braga chegava embalado , finalmente respirara fora do último lugar já no topo da tabela, posto que conquistou na jornada anterior e mostrava fome de continuidade, sede de afirmação, talvez até um certo orgulho ferido pelo arranque cinzento da época. Do outro lado, um Sporting a lamber as feridas após uma derrota caseira com o Torrense, determinado a não tropeçar duas vezes na mesma semana.
E foi aos 22 minutos que o jogo se incendiou. Malu Schmidt essa força da natureza que nunca desliga rematou com convicção. Wellmann defendeu a primeira, mas a bola sobrou viva, andou ali uma fração indecisa… e Malu, com o faro que só as goleadoras têm, empurrou-a para dentro. Golo para as minhotas, golo para levantar as bancadas, golo para agitar o campeonato.
O Sporting respondeu com a teimosia dos que não sabem baixar a cabeça. Já perto do intervalo, a árbitra apontou para a marca dos onze metros após mão bracarense. Telma Encarnação, fria como quem nasceu para isto, empatou aos 44’ e gelou o entusiasmo minhoto. A festa verde chegou a ser duplicada nos descontos, mas o VAR tratou de a devolver para dentro do bolso, anulando o 1-2 por fora de jogo.
O descanso chegou com o 1-1, mas não com paz. As duas equipas sabiam que havia mais para contar.
E na segunda parte o SC Braga contou. Contou muito. Veio dos balneários com outra alma, outra velocidade, outra urgência. Marwin Bolz mexeu no ataque e as bracarenses transformaram o último terço num terreno de cerco. Leah Lewis ameaçou, Ria obrigou Wellmann a esticar-se, e Malu… bom, Malu esteve em todo o lado. Mas a guarda-redes leonina decidiu que, naquela tarde, não ia permitir mais nada.
O Sporting tentou sobreviver através de transições rápidas e bolas longas, mas raramente conseguiu morder de volta. As garras ficaram guardadas, talvez presas no meio-campo.
Na reta final, o jogo cheirou a vitória minhota. Reclamações por penálti, cruzamentos venenosos, o público empurrado para a beira do assento tudo menos o golo que teimava em não nascer. O apito final soou, e com ele uma sensação agridoce: o Sporting segura o segundo lugar, o Racing Power agradece à distância o terceiro lugar, e o Braga fica a pensar no que esteve ali, tão perto, a um toque de distância.
No fim, o marcador disse empate. O relvado, esse, contou uma história muito mais quente.






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