Havia algo no ar esta manhã em Londres. Não era apenas o frio típico da cidade, nem a névoa que costuma pousar sobre os telhados era a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer. E aconteceu.



O Emirates abriu as portas e 56.537 pessoas entraram como quem entra num ritual. Uma das maiores assistências da história do futebol feminino inglês. Crianças ao colo, cachecóis a bater no vento, famílias inteiras a viverem juntas aquele arrepio inexplicável que só o futebol desperta.

Do outro lado, Chelsea e Arsenal preparavam-se para escrever mais uma página da rivalidade que aquece a cidade. As Blues, líderes incontestáveis, chegaram com o porte de quem já leva 32 jogos sem perder. As Gunners, feridas mas orgulhosas, precisavam de um sinal de vida.

O apito soou… e o Chelsea caiu em cima como uma onda gigante. Nos primeiros minutos, o Arsenal tentou respirar não conseguiu. Alyssa Thompson, leve como quem dança, serpenteou entre as defesas, tabelou com Kaneryd e colocou a bola no canto mais distante como quem desenha um quadro. Um golo tão elegante quanto implacável.

O Emirates silenciou. Aqueles segundos pesaram.

Mas dérbi bom é o que ferve devagar. O Arsenal começou a acordar, a ganhar coragem, a empurrar o Chelsea para trás. O público, esse, transformou-se numa muralha sonora. Aos 53’, o estádio explodiu …golo! Só que não. O árbitro anulou por uma alegada mão de Blackstenius. Os ecrãs mostraram a bola a bater no quadril. Sem VAR, não havia apelo. Apenas revolta.

E quando o futebol se torna injusto, ele também se torna épico.

Aos 87 minutos, Frida Maanum cruzou como quem acredita até ao fim. Alessia Russo apareceu num rasgo de instinto puro e atirou para o fundo das redes. O Emirates tremeu …literalmente tremeu. Gente a gritar, abraços entre desconhecidos, lágrimas nos cantos dos olhos.

Mas o universo deste jogo nunca é simples: aos 90’, Maanum marcou o golo que faria o estádio implodir… e a bandeira subiu. Fora de jogo por centímetros invisíveis a olho nu.

O 1-1 ficou a saber a tudo e a nada. O Chelsea igualou o recorde de invencibilidade. O Arsenal manteve um fio de esperança. E, acima de tudo, ficou a pergunta que ecoou entre milhares de vozes irritadas:

A questão que fica no fim é: Como é possível que uma liga desta dimensão continue sem VAR?

Foto: Arsenal (site 08/11/2025)

Deixe um comentário

Tendência