O Bristol City prepara-se para ser adquirido pela Mercury13, grupo de investimento que já detém o FC Como, em Itália, e que tem entre os seus rostos o ex-internacional português Sérgio Oliveira.

Foto: SoccerBible

A operação insere-se numa tendência cada vez mais clara:a criação de verdadeiras constelações de clubes,espalhados por diferentes países, mas unidos sob a mesma bandeira empresarial.Não é um fenómeno isolado.Michele Kang, pioneira neste modelo, já controla o OL Lyonnes ,o London City Lionesses e o Washington Spirit e pode ainda ampliar o império com um clube em Espanha.

A lógica é evidente: maior escala, maior capacidade de investimento, maior impacto global.Mas será este o caminho certo para o futebol feminino?

Do lado otimista, há argumentos sólidos. Estas redes permitem profissionalizar estruturas, partilhar conhecimento, criar passagens de jogadoras entre ligas e mercados, e atrair patrocinadores que até agora olhavam para o feminino como um investimento de risco. Num contexto em que muitos clubes sobrevivem com orçamentos curtos, a entrada de grupos poderosos pode acelerar conquistas que de outra forma demorariam décadas.

Porém, o outro lado não pode ser ignorado. O futebol feminino corre o risco de perder diversidade e identidade. Quando um clube histórico passa a ser apenas mais uma peça num portefólio internacional, a ligação à comunidade pode enfraquecer. Além disso, a concentração de poder em poucos investidores pode criar uma nova desigualdade: os clubes fora destes conglomerados terão dificuldade em competir, ficando condenados a papéis secundários.

O que está em jogo é mais do que vitórias ou títulos: é a própria alma do futebol feminino. Queremos um futuro de crescimento sustentado ou um mercado dominado por gigantes que ditam as regras?

A chave estará em não transformar estas equipas em meras peças de uma engrenagem, mas sim em motores que beneficiem do coletivo sem perder o vínculo à sua história e à sua comunidade.

O que é certo é que o Bristol entra numa nova era, com oportunidades que antes pareciam inalcançáveis. E talvez seja mesmo aqui, entre a tradição e a modernidade, que o futebol feminino encontrará o seu verdadeiro salto em frente.

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