No sábado, em Rio Tinto, o jogo começou… mas o Famalicão não mexeu. Durante um minuto, as jogadoras permaneceram paradas, num silêncio que pesava mais do que o barulho das bancadas. Não foi desatenção, nem descuido. Foi protesto. Um grito mudo contra a injustiça que as afastou da Liga BPI a dias do apito inicial da temporada.

Foto:FC Famalicão

A história é digna de um guião que ninguém queria escrever. No fim da época passada, o Famalicão caiu para a 2.ª divisão após perder o play-off frente ao Rio Ave. Aceitou o destino, até que uma decisão inesperada mudou tudo: a inscrição do Damaiense foi considerada irregular e, perante esse cenário, a Federação convidou o clube minhoto a regressar ao principal escalão.

O sonho reacendeu-se. Vieram reforços, treinos intensos, uma pré-época desenhada para enfrentar as melhores. Tudo apontava para um regresso firme à elite.Mas a novela ganhou um novo capítulo. O Damaiense apresentou recurso e a justiça deu-lhe razão. Para complicar, a equipa lisboeta já tinha mudado a sede para Loulé, passando para a Associação de Futebol do Algarve. Ainda assim, o tribunal obrigou a Federação a reintegrar o Damaiense na Liga BPI.

O problema? A competição tinha acabado de ser reduzida de 12 para 10 clubes. Com a ordem judicial, não havia espaço para todos. Dias antes do arranque oficial, o sorteio foi deito com o Damaiense… e o Famalicão foi riscado da lista.Foi como preparar um banquete durante semanas e, no momento de servir a mesa, apagarem as luzes da sala. Jogadoras desmotivadas, reforços a abandonarem, um trabalho de semanas deitado ao chão, mas não perderam a dignidade.

E assim, em vez de pisarem os grandes palcos, as famalicenses estrearam-se na 2.ª Divisão diante do Rio Tinto.

Quando a bola finalmente rolou, falaram no único idioma que o futebol conhece: venceram o Rio Tinto por 2-0. Um triunfo carregado de simbolismo, onde o Rio Tinto mostrou grandeza. Poderia ter aproveitado aquele minuto de paragem para atacar e marcar. Não o fez. Respeitou o protesto. Mostrou que, no futebol, nem sempre é o marcador que define os vencedores.

O resultado ficou no marcador. A mensagem, no coração de quem viu. O Famalicão pode ter descido de divisão… mas mostrou que continua de cabeça erguida.

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