Uma noite que brilhou em azul e grená: o golo 400 com a magia de Aitaina, os 100 jogos de Salma Paralluelo e a consagração de um belo arranque de época para Kika Nazareth

Há noites em que o futebol ultrapassa o simples ato de jogar. Há noites que se transformam em capítulos de memória, pedaços de eternidade vestidos de emoção. Ontem, no Estadi Johan Cruyff, o Barcelona feminino escreveu mais uma dessas páginas: vitória sólida por 4-0 sobre o DUX Logroño, mas, mais do que números, ficou a alma do espetáculo.

Aitana Bonmatí, a rainha do meio-campo, abriu a cortina com dois toques de arte: primeiro, aos 21 minutos, um disparo indefensável que fez levantar a bancada; depois, apenas três minutos depois, mais um remate de precisão cirúrgica. Dois momentos de génio que não só embalaram a equipa, como também carimbaram o mítico golo número 400 do Barça na Liga F. O futebol tem destas ironias belas ,cabia, inevitavelmente, à Bola de Ouro escrever essa marca histórica.

No ataque, Ewa Pajor voltou a mostrar porque é sinónimo de golo: 48 em 51 jogos, estatísticas que não são apenas números, mas a tradução da fome de quem vive para marcar. E no meio da celebração coletiva, um instante de carinho especial: Salma Paralluelo, com apenas 20 anos, somou o seu jogo número 100 de blaugrana, como quem ainda está a começar mas já carrega a grandeza de quem nasceu para a camisola.

E depois, como cereja no topo do bolo, brilhou a portuguesa. Kika Nazareth, que em março viu o sonho interrompido por uma lesão cruel, regressou para escrever a sua própria narrativa de superação. Em três jogos desta época, já soma dois golos e três assistências. Ontem, fechou a conta da noite: um cabeceamento certeiro ao segundo poste, o sorriso largo de quem sabe que voltou para ficar. Um golo que não é apenas um número, é o símbolo da resiliência, da paciência e da fome de jogar.

Três jornadas, três vitórias, e um Barcelona que continua a juntar conquistas ao seu museu vivo. Mas mais do que isso: um Barça que transforma cada partida numa história onde emoção e grandeza caminham lado a lado.