Há histórias que nascem do improviso da vida. A de Jassie Vasconcelos começou nas quadras de andebol, mas foi na relva que encontrou o palco onde se sentiria inteira.

Deu os primeiros toques em Gales, passou por França, regressou a Portugal, voou até à Áustria e, neste verão, cumpriu um sonho de menina: vestir a camisola do FC Porto. Mas o destino, sempre imprevisível, tinha preparado um desfecho diferente.

Aos 31 anos, a internacional portuguesa despediu-se do futebol derivado a problemas de saúde. Nâo por falta de paixão, não por cansaço, mas porque o corpo deixou de conseguir acompanhar o coração.Durante anos, travou uma batalha silenciosa: noites sem descanso, dores persistentes, ansiedade que apertava, ataques de pânico escondidos atrás de sorrisos e golos. Jogava sempre como se fosse a última vez, mas essa exigência tornou-se um peso impossível de carregar.

Num testemunho sentido, Jassie abriu o coração: precisava de parar para se reencontrar, recuperar a paz e, sobretudo, garantir qualidade de vida no futuro. A sua mensagem não foi um adeus amargo, mas sim um brinde àquilo que conquistou, amizades, experiências únicas, a honra de vestir a camisola da Seleção e a felicidade de representar clubes que marcaram a sua história.

O FC Porto, onde terminaria a carreira sem sequer se estrear em jogo oficial, teve um papel especial neste fecho de ciclo: acolheu-a, não apenas como jogadora, mas como mulher. Foi o clube que lhe deu a coragem de olhar para dentro e aceitar que a despedida também pode ser um ato de amor.

No fim, Jassie não deixa um vazio. Deixa uma lição: o futebol é paixão, mas também é coragem para saber quando é hora de parar. Sai de cabeça erguida, com o coração cheio e o sorriso de quem sabe que cada passo valeu a pena.Obrigada, Jassie.

A tua história não acaba aqui, apenas muda de campo. 💙

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