Pessoalmente nunca fui boa com números. Sempre fui mais de palavras e emoções que dizem mais do que estatísticas. Mas hoje, não há como fugir: temos mesmo de falar de números. Porque estes não são só algarismos são gritos, palmas, lágrimas, euforia. São história a ser escrita, uma multidão a levantar-se para as mulheres que, de chuteiras calçadas, conquistaram muito mais do que um troféu.

Este Europeu feminino não foi apenas um torneio. Foi uma revolução. Um virar de página. Um romper de correntes.

657 mil. É este o número mágico. Mais de seiscentas e cinquenta e sete mil pessoas nos estádios, de olhos fixos na bola, corações na mão. Sim, o futebol feminino encheu bancadas, mas mais do que isso encheu almas. Tornou-se o centro da atenção, roubou os holofotes, e com razão.

Em Inglaterra, a final da competição fez parar um país. Mais de 12,2 milhões de britânicos estiveram colados ao ecrã da BBC, como se fosse o último episódio da série mais esperada do ano. Só que desta vez, os protagonistas eram elas.

E Espanha? Espanha perdeu a cabeça no melhor sentido possível. O país transformou-se num estádio gigante ao ar livre, com mais de 80 ecrãs instalados de norte a sul, todos sintonizados no mesmo sonho. Em certos jogos, mais de 6 milhões ligaram a televisão. Para ver futebol jogado por mulheres. Para acreditar que este desporto, afinal, é de todos.

Na Suíça, as ruas encheram-se como numa grande romaria. Cores, tambores, bandeiras, famílias inteiras, abraços partilhados entre estranhos unidos por uma camisola e uma esperança. Cafés apinhados, televisores encostados a janelas, uma corrente de emoção que já não se pode ignorar.Durante décadas disseram-nos que isto era “coisa de homens”. Que o futebol feminino não tinha público, não tinha qualidade, não movia paixões.

Pois bem, olhem à volta. Vejam os sorrisos, ouçam os cânticos, sintam o pulso de um continente inteiro que continuam a acordar.

O que vimos neste Europeu foi muito mais do que golos ou vitórias. Vimos igualdade a dar os primeiros toques de bola.E se ainda duvidam, olhem os números. Porque desta vez, eles contam uma história que vale a pena ouvir

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