Não é todos os dias que se vê uma história assim. Uma mulher feita de golo, aço e silêncio mediático. Esther González, a avançada que faz da discrição uma arma e do instinto um legado, tem encantado quem realmente percebe de futebol e, em 2025, deixou de ser apenas uma promessa ou uma peça complementar: tornou-se o nome que carrega sonhos. Os da Espanha, os dos adeptos, os seus.

Aos 32 anos, Esther vive o melhor futebol da sua vida longe dos holofotes da Europa, no coração fervilhante de Nova Iorque, onde representa o Gotham FC há três temporadas. Mas não se engane quem acha que o seu brilho só agora é visível. Esta história começou muito antes.

Filha da terra de Andaluzia, nasceu em Huéscar, uma vila perto de Granada, onde foi a única rapariga a jogar na equipa local. Aos 14, fez as malas e foi para o Levante, determinada a provar que o talento não tem género. Passou por clubes como o Real Madrid, Atlético de Madrid, Sporting Huelva e outros. Por onde passou, deixou golos, suor e respeito.

2025 é um dos seus anos de consagração. Em 26 jogos, já festejou 19 vezes ,8 desses golos ao serviço da seleção espanhola. No Campeonato da Europa, foi simplesmente letal: marcou 4 golos e terminou como melhor marcadora do torneio. A sua forma de jogar é arte pura: posiciona-se com a inteligência de quem já leu o jogo mil vezes, domina com suavidade e remata com a frieza de quem nasceu para isso. A sua presença em campo é uma lição para quem acha que o futebol é apenas correr atrás de uma bola.

Desde 2020, soma 96 golos em 167 jogos pelos clubes que representou. Números que não enganam. Números que gritam numa carreira feita, tantas vezes, no silêncio da subvalorização. Porque sim, apesar de tudo, Esther raramente é mencionada como estrela. Talvez por não dar grandes entrevistas, por não andar nas capas, por preferir deixar os pés falarem por ela.

Mas é impossível continuar a ignorá-la. Em maio, foi decisiva na final da Taça da CONCACAF contra os Tigres do México. Em junho, foi coroada melhor jogadora da NWSL e liderava a tabela de marcadoras antes da pausa para o Europeu.Com 53 internacionalizações e 37 golos pela Roja, Esther conhece o sabor do topo. Foi campeã do mundo em 2023, embora tenha ficado fora dos Jogos Olímpicos de Paris em 2024, num ano estranho e apagado para a seleção. Mas quem conhece o caminho das redes, não se perde por muito tempo.

Esther González é isso: uma avançada que não cabe nos rótulos, que marca quando mais importa, que carrega consigo a alma do futebol puro, aquele que não precisa de barulho para ser gigante. E agora, finalmente, começa a ser reconhecida como tal.

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