Stephanie Ribeiro, avançada portuguesa a espalhar classe nos relvados mexicanos ao serviço do Pumas, foi uma das melhores marcadoras da temporada na Liga MX: 25 golos em 32 jogos. Uma média que fala por si, mas que, pelos vistos, não fala suficientemente alto para ser ouvida em Lisboa.

O que mais tem de fazer uma jogadora para ser levada a sério?

Não basta ser letal na área, constante no desempenho e referência no ataque do seu clube. Não basta liderar estatísticas. Não basta atravessar o Atlântico sempre que é chamada, mesmo sabendo que, na maioria das vezes, vai ver os jogos do banco ou da bancada.Stephanie fica de fora do Europeu.

Mais uma vez, o nome dela não aparece. E com isso, volta a pairar a dúvida: que critérios orientam, afinal, as escolhas do selecionador Francisco Neto?

Não é difícil fazer as contas. As avançadas convocadas apresentam registos modestos. Algumas, com menos golos numa época inteira do que Stephanie marcou num mês. Mas são essas as eleitas. As da casa. As que já lá estavam. As que, mesmo em má forma, permanecem no núcleo duro como se o lugar fosse vitalício.

E do outro lado, as Stephanie’s e as Ana Dias goleadoras de elite, em campeonatos cada vez mais competitivos continuam à margem. Continuam a ser as “convocadas para preencher”, as que voam milhares de quilómetros para aquecer o banco. Jogadoras que podiam fazer a diferença, mas às quais nunca é dada a oportunidade de o provar.

A ausência de Stephanie é mais do que uma simples omissão. É sintomática de uma Seleção que parou no tempo. Que prefere a zona de conforto à renovação. Que insiste nas mesmas fórmulas, esperando milagres. Mas os milagres, no futebol, raramente acontecem sem trabalho, sem mérito, sem coragem.

Fica a pergunta no ar: como se constrói uma Seleção ambiciosa, se se deixa de fora quem mais brilha?

Chegou a hora de questionar se a fidelidade do selecionador às suas escolhas não é, afinal, medo de mudar. Medo de reconhecer que há talento fora da esfera habitual. Medo de romper com a rotina e apostar verdadeiramente no mérito.

Enquanto isso, Stephanie Ribeiro uma das melhores avançadas portuguesas da atualidade vai ver o Europeu à distância. E Portugal parte para a competição com menos golos, menos ambição e mais do mesmo.

Chegou a hora de fazer justiça a quem merece. Porque o futuro da Seleção também se constrói com quem tem coragem de brilhar longe dos holofotes.

Não sei. Talvez ajude recordar os números. Só para que não restem dúvidas:

➡️ Convocadas:

• Jéssica Silva: 11 jogos, 1 golo, 2 assistências — 0,09

• Ana Capeta: 29 jogos, 13 golos, 5 assistências — 0,45

• Diana Silva: 28 jogos, 8 golos, 6 assistências — 0,27

• Telma Encarnação: 28 jogos, 12 golos, 5 assistências — 0,43

➡️ Quem ficou de fora:

• Stephanie Ribeiro: 32 jogos, 25 golos — 0,78

• Ana Dias: 39 jogos, 11 golos, 2 assistências — 0,28

Que escolhas são estas onde as que fazem melhores épocas e mostram mais numeros são excluídas. É a uma seleção de merito? Ou uma seleção estagnada mediante as preferencias pessoais de quem a lidera?

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