Por muito tempo, o futebol feminino viveu na sombra. Mas as luzes acendem-se finalmente sobre um palco onde as protagonistas nunca deixaram de brilhar, só lhes faltava o microfone. Agora, o eco das suas chuteiras é ouvido em todo o mundo. E segundo os dados mais recentes, este som veio para ficar.

Foto: UEFA / UWCL

Imagina um estádio. Bancadas cheias. Gritos, bandeiras, lágrimas, paixão. Não é final do Mundial masculino é um jogo feminino. E não é ficção. Está a tornar-se realidade.

De acordo com um novo relatório da Nielsen Sports em parceria com a PepsiCo, até 2030, o futebol feminino deverá ser o quinto desporto mais popular do planeta, com uma estimativa de 800 milhões de adeptos. Um salto gigante para uma modalidade que, até há pouco tempo, mal surgia nos resumos noturnos dos canais desportivos.

O estudo com o simbólico título “De Subvalorizada a Imparável” traça a curva ascendente de uma paixão global até aqui subestimada, mas cada vez mais poderosa, tanto em emoção como em retorno financeiro. É um aviso e um convite para marcas, investidores e todos os que ainda acham que o desporto tem género: este é o momento certo para entrar em campo.O crescimento não é tímido. É arrojado, veloz, e sincronizado com os grandes palcos.

A cada Mundial, a cada Euro, o interesse dispara. E segundo os dados analisados ao longo de seis anos, a tendência não abranda. Pelo contrário: até 2029, com o próximo europeu, a comunidade de fãs deverá crescer mais 38%. Em 2030, já estaremos a falar de um fenómeno global consolidado.

Hoje, o futebol feminino está na 10.ª posição entre os desportos mais populares. Mas com o tempo, dedicação e investimento, deverá ultrapassar modalidades como a basquetebol, ténis e até F1 em termos de impacto e visibilidade e, mais importante, de envolvimento emocional com o público.

Se a Europa tem sido o motor do crescimento com destaque para o Reino Unido, França e Espanha são os países fora do velho continente que mostram o maior entusiasmo per capita. Brasil, México, Colômbia, Índia e Emirados Árabes Unidos lideram o ranking de interesse proporcional.A China, por exemplo, registou um aumento de 300% nas praticantes femininas em apenas cinco anos. Isso traduziu-se em 186 milhões de novos fãs.

É aqui que se percebe o ciclo virtuoso: quem joga, apaixona-se e quem se apaixona, multiplica o público.

Mas há um alerta claro neste estudo: não basta o crescimento. É preciso continuidade. A atual temporada registou quedas de audiência em ligas como a Superliga Feminina e a UEFA Women’s Champions League. Não porque o interesse esfriou, mas porque o investimento não acompanhou o entusiasmo.

O futebol feminino não é um evento. É um ecossistema. Precisa de investimento nas bases, em estruturas, em calendários consistentes. Precisa de tempo de antena, salários dignos, equipas técnicas completas e projetos a longo prazo.

O futuro não se adivinha, constrói-se. E neste campo, o apito inicial já foi dado. Agora, cabe-nos decidir: queremos ser espectadores, ou queremos fazer parte da história?Porque uma coisa é certa: o futebol feminino já não pede licença. Está a entrar de rompante. E quem não se posicionar agora, vai ficar a ver do banco.

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